Dezesseis Orixás se sucedem na sequência chamada, pelo Templo Guaracy, de Xirê. A palavra traduzida muitas vezes como “roda” ou “dança” evoca a elaborada organização das forças da natureza que nasceram com a criação do mundo.
Segundo a Cosmogonia Guaracyana, em algum momento da eternidade, a luz, substância original do universo, se concentrou, adquiriu consciência de espaço e se expandiu. Essa explosão e a consequente fragmentação da luz, conhecida pelos científicos como Big Bang, deu lugar a uma trindade: Luz, Consciência e Energia. As três se expandiram ao mesmo tempo, de forma unificada. Entretanto, enquanto Luz e Consciência progrediram em forma linear e paralela, a Energia foi perdendo intensidade e adquirindo densidade, afastando-se cada vez mais de seu ponto de origem, criando uma curva descendente da qual nasceu o Xirê, a manifestação de toda vida na Terra.
Essa extraordinária dinâmica dos Orixás percorre os quatro elementos numa espiral contínua e infinita, que inicia com o Fogo primordial de Elegbara, originário do centro da Terra, para atingir Oxalá, a grande síntese da luz no Ar.
Para acompanhar cada gravura, foram escolhidas algumas palavras geradas pela maravilhosa visão Guaracyana dos Orixás. A intenção é preparar o olhar para o encontro com a natureza sagrada, tão presente na arte de João Makray.
Quadrante do Fogo
Os Orixás de Fogo – Elegbara, Ogum, Oxumarê e Xangô – percorrem o caminho da criação à cristalização. Marcam a origem, o ponto de partida. Dão início à sequência dos 16 Orixás a partir do quadrante sul do Xirê. Daqui os outros seguem, no sentido horário, a trajetória pelos quatro pontos cardeais.
Quadrante da Terra
Os Orixás da Terra – Obaluaiê, Oxóssi, Ossãe e Obá – representam a realidade física e concreta da vida. É o ciclo da saúde e da subsistência. Ponte entre o Fogo e a Água, os Orixás da Terra ocorrem numa sequência que vai alterando seu teor de Água, do mais seco ao mais úmido.
Quadrante da Água
Os Orixás das Águas – Nanã, Oxum, Iemanjá e Ewá – são relacionados com todas as emoções. Eles seguem o caminho natural das Águas, das nascentes ao mar e à evaporação. Encontram-se ao norte do Xirê, em oposição ao Fogo do sul. Se o ciclo do Fogo é associado com a potência, o ciclo das Águas traz a consciência, criando o equilíbrio das dualidades.
Quadrante do Ar
Os Orixás do Ar – Iansã, Tempo, Ifá e Oxalá – vão perdendo sua representação física. Depois de Iansã, só podem ser percebidos com a mente e o espírito.
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