sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Umbanda e Quaresma

Eu gosto de iniciar meus textos sempre lembrando que a Umbanda é uma religião plural, diversa, fruto das diferentes práticas que formam essa bela religião, e o que escrevo é a minha opinião, dentro daquilo que aprendi na minha vida de 40 anos na umbanda, e não tenho a pretensão de ser o dono da verdade.
Ainda mais quando tratarei de um tema tão delicado, o ato litúrgico CATÓLICO de nome quaresma.
 Falar de Umbanda e Quaresma é um tema instigante e polêmico na medida em que a Quaresma, em si, não é ritual que faça parte de nossa religião. No entanto, em virtude do sincretismo religioso, muitas casas umbandistas adotam esse período como época de fechar a Casa e suspender o atendimento de consulentes e prática da caridade.

Esse fator histórico teve origem durante o Brasil Colonial, quando os senhores de engenho e de escravos tendo como base suas crenças na Igreja Apostólica Romana, durante a quaresma adotavam a prática de cobrir suas imagens e fechar suas Igrejas, entrando em introspecção pelo período representativo da caminhada de Jesus pelo deserto.
.
Pelo fato dos escravos serem obrigados a esconder seu culto aos Orixás através do sincretismo, convencionou-se que durante a quaresma como não havia culto aos santos católicos, também não havia culto aos Orixás, passando com o tempo a Umbanda a incorporar essa tradição, baseando algumas casas a explicação no fato de que durante a quaresma os espíritos de luz e entidades de Umbanda afastam-se do plano Terra, razão pela qual as casas umbandistas ficariam impossibilitadas de praticarem a caridade.

Era assim que os Terreiros fechavam na gira que precede o Carnaval, cruzando seus filhos com pemba e com cinza, a fim de proteger a todos dos fluidos negativos e espíritos inferiores que circulavam pelo ambiente astral do planeta, só reabrindo na Sexta-feira Santa com a cerimônia do amaci e batismo. Fechava-se o Congá com cortinas, e cobriam-se as imagens com panos brancos ou roxos, conforme a tradição católica.

A palavra Quaresma vem do latim quadragésima e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecede a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Esta prática data desde o século IV. Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma.
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.
O que ainda fico pensando é: Alguns "TIDOS" PAIS de SANTO, na verdade são aprendizes de ZELADORES de SANTO, não aceitam a Quaresma por não ser favorável aos seus consultantes, e consequentemente cai suas consultas e seus rendimentos, claro que alguns aprendem errado e assim seguem, muita coisa na umbanda dizem que vem de Zelio de Morais, mais o digo Zélio não tinha tambores e muitas outras coisas que hoje com alguns valores financeiros fazem questão de adquirir ou até inventarem na umbanda. O importante é ter fundamento, como diz o ponto " A umbanda tem fundamento é preciso preparar"......